Concepção Freiriana de Extensão
Última modificação: Quinta-feira, 31 de outubro de 2024
O Ensino Médio Integrado ao ensino técnico é fundamentado em uma perspectiva filosófica que se opõe aos ideais capitalistas e busca uma formação integral dos jovens, considerando o trabalho, a ciência e a cultura como elementos essenciais. Inspirado nos ideais de Paulo Freire, esse modelo educacional visa formar cidadãos críticos e comprometidos com a transformação de sua realidade e da sociedade.
Em sua obra Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire propõe uma educação libertadora, onde educadores e educandos, em um diálogo constante e igualitário, compartilham o papel de sujeitos no processo de ensino-aprendizagem. Para Freire, o verdadeiro humanismo é construído por meio do diálogo — um encontro em que os participantes refletem e agem juntos, comprometidos com a transformação do mundo. Ele defende que a educação deve ser dialógica e horizontal, permitindo que educadores e educandos, ou “educador-educando” e “educando-educador”, aprendam e cresçam juntos em um processo de coparticipação.
Freire sugere substituir o termo “extensão” por “comunicação”, pois entende que o processo educativo autêntico deve envolver sujeitos ativos em uma relação horizontal, onde ambos buscam compreender o objeto de estudo. Essa coparticipação se caracteriza pela criação de um espaço de liberdade, criticidade e respeito às experiências e ao conhecimento prévio de todos. Diferente de uma ação assistencialista, a prática extensionista, segundo Freire, deve favorecer a autonomia e a curiosidade dos estudantes, rompendo com a imposição unilateral de conhecimento.
O que permite a prática extensionista baseada no diálogo, segundo Freire:

No contexto do Ensino Médio Integrado, essa abordagem dialógica promove uma educação voltada para a emancipação, na qual os estudantes são incentivados a desenvolver uma visão crítica e a buscar constantemente o “saber mais”. Segundo Freire, educadores têm a responsabilidade de criar um ambiente que permita a escolha consciente e a reflexão sobre as opções oferecidas, pois na prática educativa não existe neutralidade. Assim, o educador deve agir de maneira política, apresentando diferentes perspectivas e permitindo que o educando desenvolva um olhar mais crítico sobre sua realidade.
Essa perspectiva permite a construção de práticas educativas verdadeiramente democráticas e libertadoras, onde a cultura e o conhecimento dos educandos são valorizados. Ao adotar o trabalho como princípio educativo, o Ensino Médio Integrado busca proporcionar aos estudantes uma compreensão mais ampla da realidade. Essa visão considera o trabalho não apenas como meio econômico, mas como atividade que, juntamente com a ciência e a cultura, capacita os estudantes a questionar, construir e transformar o mundo ao seu redor.
O pensamento freiriano, com sua ênfase em uma educação dialógica e crítica, oferece um referencial para a construção de políticas e práticas educativas que promovam solidariedade e cidadania. Em tempos em que a democracia é tão debatida, torna-se essencial formar cidadãos capazes de dialogar, de respeitar diferentes saberes e de contribuir ativamente para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
VAMOS REFLETIR?
Como nossas ações de extensão favorecem o diálogo entre educadores e educandos e promovem uma relação horizontal e de coparticipação? De que maneiras nossas atividades de extensão incentivam a curiosidade, a criticidade e a busca pelo “saber mais”? |
Aprofundando o conhecimento:
Audiolivro: Comunicação ou Extensão? Autor: Paulo Freire Ano: 2012
Artigo: Extensão Universitária: Para quê? Autor: Moacir Gadotti Ano: 2017
Referências:
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 25. ed. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2022a.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 81. ed. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2022b.